Pedro Paulo de Souza
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Encol, o Sequestro, 352p

ISBN: 978-85-99218-58-7
Bremen Editora Ltda.
Gênero: Política/Biografia
1a Edição – Goiânia,
2010

Onze anos depois de decretada a falência da Encol, o ex-presidente da companhia, Pedro Paulo de Souza, abre as páginas das verdadeiras razões que levaram à bancarrota um dos maiores conglomerados empresariais de capital privado do Brasil.

No livro Encol, O Sequestro, o autor narra, em ordem cronológica e com abundante riqueza documental, como foi montado um estratagema dentro do Banco do Brasil para inviabilizar a Encol financeiramente e jogar à lona uma das mais importantes e inovadoras empresas nacionais de construção e incorporação imobiliária.

Na obra, o leitor terá conhecimento de como um grupo de pessoas objetivando sua própria realização financeira levou a Encol à falência e acabou por prejudicar 42 mil adquirentes de imóveis e 23 mil funcionários da companhia.

No livro, o leitor passa a ter conhecimento do outro lado do “Caso Encol”, inclusive de todos os detalhes escusos de uma trama que envolve fraudes em auditorias, o roubo de um cofre de dentro das dependências do Banco do Brasil e também o suicídio de 40 funcionários do Banco. Uma obra que resgata a verdade, até então escondida debaixo dos tapetes

“Aprender com a história e com a experiência alheia para não cometer os mesmos erros, é uma das estratégias mais eficazes em qualquer mercado. No mundo das incorporações, temos muito o que aprender com a Encol, a maior incorporadora do Brasil por alguns anos. O livro mostra como Pedro Paulo, de origem humilde, construiu todo o império da Encol e mostra também os erros que levaram à derrocada da incorporadoa”.
O Incorporador

“Ótimo livro, tanto pelo contexto histórico como pela riqueza de detalhes. O livro nos apresenta a história da criação e falência da maior construtora do país pela ótica do principal envolvido, o fundador Pedro Paulo de Souza. Recomendo a todos!”
Livros que Li Oficial

“Obra indispensável para aqueles que militam no Direito Imobiliário! Vale conhecer a história daquela que foi a maior incorporadora do Brasil, que mudou o mercado imobiliário e também a legislação brasileira que trata do assunto”.
JR Advocacia

“Mostra como interesses inescrupulosos destroem anos de trabalho. A Varig foi um caso como a Encol”.
Marco Castro

“Ótimo livro… Sempre bom lembrar que toda história tem mais que uma só versão”.
Guido Durigan

“Esse livro está me ensinando muito, deveria ser uma disciplina obrigatória na faculdade”.
Sara Soares

Amostra

Deguste trechos do livro do seu interesse.

Estratégias

A cada mudança de governo, a Encol teve que encontrar soluções administrativas e comerciais para suportar os insucessos das políticas econômicas adotadas. Em 1986, por exemplo, tivemos o Plano Cruzado; em 1987 o Plano Bresser; até que em 1989, com uma inflação por volta de 1.700% ao ano, foi implantado o Plano Verão, que modificava o índice de rendimento da caderneta de poupança, promovendo ainda o congelamento dos preços e salários e a criação de uma nova moeda – o Cruzado Novo.
Em 1990, com o Plano Collor, que bloqueou valores de depositantes, a Encol estava com 269 empreendimentos em exceução simultânea. Foi então que desenvolvemos “as permutas”e passamos a trocar mercadores ou seviços por imóveis em construção, sem fazer uso da oeda. Com fornecedores permutávamos unidades habitacionais por materiais de uso direto como cerâmicas, tijolos, madeiras, alimentos, entre outros. Dos clientes recebíamos, como parte do pagamento, carros, imóveis de menor valor, além de adequar as parcelas às condições de cada um.
A mais conhecida permuta que fizemos foi a dos pãezinhos. Em São Paulo, trocamos um apartamento pelo fornecimentode 981 mil pães para funcionários. Nessa ápoca, em 1993, uma revista reonamada do setor, “O Empreiteiro”, publicou o seguinte depoimento de um dos nossos diretores:

A permuta tem funcionado como um sistema indireto de financiamento, porque ao invés de desembolsar um valor no curto prazo, passa-se a desembolsá-lo ao longo da construção. Uma experiência particularé o caso já clássico dos pãezinhos. Nós permutamos um apartamento de US$ 65 mil por 981 mil pães. Hoje, estamos na terceira permuta de pãezinhos. Isso ajuda na viabilização do nosso fluxo de caixa“. 

Em 1993 a Encol foi classificada em 22º lugar no ranking das 500 maiores empresas brasileiras de capital privado do Brasil, sendo a primeira colocada no ramo da construção civil no quesito patrimônio líquido, conforme classificação da Revista Exame*.
Na época, o sistema financeiro também tinha como meta se expandir, fosse na concessão de créditos liberando financiamentos para o setor produtivo, ou na liderança de mercado abrindo agências e ampliando seu leque de atuação. Nesse contexto promissor e com uma crescente venda de imóveis, chegamos a 1994 com ótimas perspectivas.
A Encol estava presente em 62 cidades brasileiras, construía simultaneamente 659 empreendimentos (727 torres) por todo o Brasil, e era uma das maiores empregadoras do país com 20.797 funcionários*.
Dentro dessa conjuntura, a Encol tinha a seu favor potnos fortes como seu índicede liquidez de 3,63, isto é, para cada um real de dívida tinha 3,63 a receber. Seu único ponto fraco era a baixa disponibilidade de caixa, de 14 milhões de reais se comparada à dívida de curto prazo com bancos de 115 milhões de reais.
Este ponto fraco poderia ser administrado através da negociação da carteira de crédito da empresa de 1,9 bilhão de reais ou através de empréstimos bancários que eram fartos. Só no Banco do Brasil o nosso limite de crédito era de 90 milhões de reais, o que fazia da Encol seu maior cliente em Brasília. Trabalhávamos também com outros bancos, que nos ofereciam limites elevados, disputando entre eles a possibilidade de operar com a empresa.
Entretanto, após julho de 1994, com o programa de estabilização da economia – o Plano Real – anunciado pelo então Ministro Fernando Henrique Cardoso (FHC) a situação das instituições bancárias mudou, e em consequência disso mudou também a das empresas. 
Neste período, os ganhos das insituições financeiras com a ciranda inflacionária, foram abruptamente eliminados, o que as obrigou a tarifar serviços e alavancar operações de crédito. As taxas compatíveis com nosso ramo de atividade e os financiamentos bancários, que antes eram disponibilizados no lonog prazo, foram suspensos por conta dos elevados compulsórios de 15% sobre os empréstimos, establecidos pelo Banco Central. E os empréstimos de mercado foram limitados a prazos de 90 dias.

A Encol e o Governo Fernando Henrique Cardoso

No dia 24 de junho de 1999, ainda preso, fui ao Senado Federal em Brasília para depor na CPI do Sistema Financeiro sobre o “caso Encol”, destinado a apurar fatos envolvendo a Encol com o Banco do Brasil. Lá começaram minhas suspeitas de que a diretoria do BB estava envolvida na falência da empresa.
No caminho que elvava à sala onde aconteceria a CPI, inesperadamente surgiu à minha frente o Senado José Roberto Arruda, que se apresentou aos policiais que me acompanhavam, dizendo que seria ele o Senador a presidir a Comissão naquele dia.
Arruda, neste período, era o representante do governo no Senado Federal e vice-presidente da CPI. Ele foi o político escolhido para me levar um recado do Palácio do Planalto. Sussurrou-me ao pé do ouvido:
Dr. Pedro Paulo, o Presidente Fernando Henrique mandou avisá-lo para que o senhor não mencione a doação feita à campanha em julho de 1994.
Sem entender o porquê daquele recado, perguntei-lhe surpreso:
– Por que não?
– Essa é uma ordem que veio do Palácio do PLanalto e o Presidente espera que ela seja cumprida!
Ao ouvir aquilo, me senti constrangido. No estado em que me encontrava, sendo coagido daquela forma, percebi que algo estava errado. No transcorrer do depoimento, fui abordado por vários senadores que queriam uma prova da minha ligação com o o PSDB.
Entretanto, naquele dia não disse nada. Neguei qualquer envolvimento da Encol com o partido do presidente em função do contexto em que estava inserido. Sendo acusado daquela forma, sem elementos para comprovar minha inocência, e com aquela exigência do Presidente da Repúblicaa, achei melhor obedecer.