Leila Letchacovski/
Neurotipo… Quem sou Afinal?, 105p
ISBN: 978-65-0018617-8
Editora AMAPAZ.
Gênero: Neurociência/Terapia
1a Edição – Curitiba,
2020
A primeira coisa que deve ser muito bem compreendida quando adentramos em tópicos como o explanado neste Título é:
“Não somos o que manifestamos!!!”
A manifestação da personalidade espelha apenas o conjunto de influências externas e genéticas, absorvidas e desenvolvidas, ao longo do caminho trilhado pelo indivíduo. A identificação com o modus operandi é o maior erro cometido e perpetuado, nos quadros de desajuste social, ambiental ou relacional.
O que estamos dizendo é que:
“Um estudo como aqui se apresenta só tem sentido se calcado na intenção da harmonização e do crescimento do indivíduo, para que ele possa atingir seu “status quo” ideal, dentro do seu processo de vida.”
Apresentam-se aqui as manifestações da personalidade ainda incompleta e, portanto, carente de crescimento, de mudanças. Todos nós, de certa forma, nos encontramos em um processo de crescimento e de constante mudança, e é por isso que estudos como este podem se mostrar úteis, quando bem compreendidos.
Estudar a manifestação da psique pode ser preciosa ferramenta para a construção de algo maior, mais adaptado ao seu ambiente, mas isso jamais deve ser usado como foco de derrotismos ou de auto aniquilações. Conhecer-se para modificar-se, crescer…, esta é a razão!
Enxergar como a nossa personalidade se manifesta não significa que não a possamos mudar, ou adaptá-la a novas condições. Estas ferramentas auxiliam se colocadas na sua dimensão e contexto, seja:
“Somos seres maiores que nossos corpos físicos, maiores que nossos cérebros, maiores que nossas mentes e ainda maiores que nossas personalidades e os contextos que as circunscrevem.”
Em outras palavras:
“Somos a essência da nossa manifestação, capazes, portanto, de dominá-la e de modificá-la…, a nosso bel-prazer!”
Deguste trechos do livro do seu interesse.
O Vilão
O SINADI, Sistema Nacional de Desenvolvimento Integral, tem suas bases em recentes descobertas a respeito do funcionamento do cérebro humano, que lançaram luzes sobre diversas questões relacionadas com o processo cognitivo e de memória.
Dentre as principais pesquisas que trouxeram questionamentos importantes, com relação à metodologia aplicada nos processos de aprendizagem consta a apresentada pelo PhD. Robert Sapolski5, da Universidade de Stanford, a qual provou os efeitos bioquímicos do estresse sobre a função cognitiva.
Evidenciou o cientista que há três meios essenciais para que o stress destrua a perfeita função do cérebro e, como consequência, aniquile a memória.
“Primeiro, quando o cortisol1 é liberado numa situação estressante, ele inibe a utilização de glicose pelo principal centro de memória, o hipocampo 5.”
Isto quer dizer que se não houver glicose no hipocampo, este sofre uma deficiência de energia e o cérebro não tem como, quimicamente, guardar uma memória. A pessoa pode vivenciar um fato, mas não tem como recordá-lo. É este fato o responsável pelo imediato déficit da memória transitória de pessoas estressadas.
“Segundo, a superprodução do cortisol interfere na função dos neurotransmissores. Desse modo, mesmo que uma memória fique bem guardada no passado, ela não pode ser acessada tão facilmente. 5“
As células cerebrais não conseguem se comunicar umas com as outras, as informações não fluem e a mente começa a ficar confusa. Esse é o motivo pelo qual o cortisol é chamado de exterminador de concentração por que as pessoas ficam temporariamente tontas quando estão em situações de estresse. Poderíamos associar a um trânsito, com muitos veículos em dia de chuva, parado.
“Terceiro, o excesso de cortisol mata as células cerebrais. Isso acontece quando o cortisol rompe o metabolismo normal dessas células e faz com que quantidades demasiadas de cálcio as penetrem. Esse excesso de cálcio acaba produzindo moléculas chamadas radicais livres, que matam as células cerebrais 3 matar bilhões de células cerebrais dessa maneira .5“
A criança apresenta, com o passar do tempo, uma menor capacidade cognitiva, se exposta por longos períodos ao cortisol, e o adulto a demência. Se fossemos um computador, diríamos que a cada dia, estaríamos perdendo espaço em nosso HD e em nossa memória RAM. Chegaria o momento em que o computador perderia totalmente a capacidade de processamento. Dr. Sing Kalsa cita exemplos de pacientes que manifestam demência precoce, aos 40 anos. Esta terrível doença é irreversível!5 (p.51)
Por desconhecimento de tais pesquisas, permitimos no passado, o contato de nossos educandos com situações de estresse, ou de estímulos inadequados.
Resumindo
Em situações de estresse o cortisol:
1 – Faz com que o hipocampo não consiga utilizar a glicose, que é o seu “único” alimento.
2 – Impede o acesso a memórias já armazenadas. O indivíduo não consegue lembrar-se de algo, por uma questão química, que supera a sua vontade.
3 – Mata as células cerebrais. “Bilhões”, se expostas por longos períodos.
Sob estresse o cérebro
não se alimenta,
não pensa e
morre
Um Circuito
Mas afinal, quem é este terrível vilão:
o Resgatemos conhecimentos milenares
O neurologista Paul MacLean2 propôs, em seu livro The Triune Brain in Evolution6, uma forma de estudar o sistema neurológico humano, associando estruturas e agrupando-as de forma a representarem três segmentos neurológicos distintos, com funções definidas.
Como nosso objetivo é didático, apresentaremos o cérebro segundo o modelo criado por MacLean, no qual cada estrutura representa um estrato evolutivo distinto, que se formou sobre a camada mais antiga. MacLean chamou ao conjunto de “Cérebro Triúno” Nominou-os como:
Cérebro Neocortical (Neocórtex), Cérebro Límbico (Sistema Límbico), e Cérebro Básico (ou reptiliano).
MacLean diz que estes três cérebros funcionam como “três computadores biológicos interligados, cada um com sua própria inteligência especial, a sua própria subjetividade, o seu próprio sentido de tempo e espaço e sua própria memória” 6. Ressaltam-se aqui que embora com funções catalogadas como específicas, estas estruturas neuronais na realidade estão interligadas e com funcionamento integrado, ou seja, os núcleos de comandos estendem-se muitas vezes a outras regiões correspondentes aos estímulos ou respostas requeridos por aqueles comandos.
Diríamos que não existe uma função puramente neocortical, mas prioritariamente neocortical, em região específica.